sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pecados desejados

Tenho inveja de ti, de todos
De qualquer coisa que seja melhor que eu
De tudo que convive contigo
Daquilo que tens amor.

Tenho inveja de quem olha em teus olhos
De quem toca em seus cabelos
De quem sente teus beijos
E está quente em seus abraços.

Tenho inveja do nada que te circula
De tudo aquilo que há em sua volta
Do ar que você respira
Da poeira de seus sapatos.

Tenho inveja de todos os casais felizes
Inveja de tudo que tem você
Porque eu nunca irei tê-la
Nunca saberei o que é felicidade.

Tenho inveja de tudo aquilo que te faz triste
Porque nem mesmo isso eu posso causar-te
Nem uma dor, nem angústia
Sou menor que nada.

Tenho inveja também de suas lágrimas
Essas que podem correr em teu rosto
Que jamais em minha existência toquei
E que tu nunca me deixarias.

Tenho inveja de seus sonhos e de suas realizações
Irá sempre lembrar-te destes
Ao contrário de mim
Que nem quer conhecer.

Tenho inveja de ti, de todos
Inveja daquele maldito que te toca
Daquele maldito que me faz perder-te
Tenho nojo de minha existência.

John

Um comentário:

  1. Uau, nossa. Como definir essa poesia? Extremamente linda, se o adjetivo conseguisse o feito de definir a beleza destes versos. Fica a tentativa e a constatação de que certos textos, o léxico inteiro reverencia em forma de silêncio.

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